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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A mentalidade revolucionária



                        Antes de confluir para a política, para a cultura, para a religião, para a economia, a revolução, como toda revolta, começa no coração do homem, que se vê como deus e senhor, e por esta “augusta condição”, acredita que a natureza existe unicamente para satisfazê-lo. Esta insana pretensão que acomete qualquer individuo no alto de sua imaturidade, pode ser curada nas suas primeiras manifestações (geralmente na adolescência) com uma boa dose de realismo, se não, ela se alarga vertiginosamente, atingindo níveis colossais e indomáveis, até se converter numa grande explosão de ódio contra a ordem imodificável da natureza e seus inevitáveis percursos.

A revolução, portanto, tem um inicio tímido em alguns indivíduos soberbos que presunçosamente acreditam haver encontrado a formula mágica para todos os problemas  da humanidade. O problema se deflagra quando estes indivíduos excêntricos encontram outros que seguem a mesma perspectiva, – e tristemente, não são poucos os que partilham desta visão distorcida de si e da realidade.

Em uma “santa aliança”, estes indivíduos se associam para cumprir aquela “sagrada” missão que seus egos lhe impõem: transformar o mundo. Por amor a humanidade? Certamente não. Nunca se viu nenhum revolucionário capaz de fazer a mínima caridade que estava dentro de suas possibilidades. Pelo contrário, abundam relatos da avareza, mesquinhez e ingratidão de suas vidas. A Marx se deve os piores defeitos morais que um individuo possa ter. J. J Rousseau, fora cruel e arrogante, chegando a colocar seus filhos em um orfanato para não ter com eles nenhuma responsabilidade; Voltaire, fora mercador de seres humanos. Quase todos os revolucionários eram indivíduos cheios de defeitos morais, no entanto, autossuficientes, a ponto de pensar que seriam capazes de corrigir o mundo, ao mesmo tempo em que eram incapazes de corrigir o menor de seus defeitos.  

Estes indivíduos, numa espécie de surto auto-deificante, acreditavam que suas personalidades, sua moral e suas visões de mundo, era a medida padrão a ser adotada por toda a humanidade, de modo que o mundo não poderia evoluir se não adequar-se a sua visão de mundo e seu padrão de comportamento.
O que leva um indivíduo a atingir tal nível de prepotência? Em séculos bem remotos, os sábios cunharam um termo para referir-se a um fenômeno misterioso que habitava o coração do homem, e de onde emanavam todas as barbaridades que a humanidade fora capaz de perpetrar. Chamaram-na "filaucia" (do grego "philia", amor, amizade, e "autós", próprio), ou seja, o amor próprio. Mas antes de demonizar este fenômeno natural do temperamento humano, devemos explicar que o mal não é o amor-próprio, mas o desvio de sua função natural.

Todas as pessoas devem conservar amor próprio, pois se não o tiverem, não saberão conservar amor a mais nada. Porém, como tudo nesta vida exige regras, o amor próprio também tinha seus limites. O limite que o amor próprio exigia, era a consciência das limitações humanas, tais como: nossa limitada inteligência, nossa enganosa bondade, nossa triste mortalidade, nossa fragilidade e efemeridade. Tais limitações são simplesmente ignoradas por um espírito revolucionário, cujo amor próprio exacerbado, acabou por desaguar na terrível ilusão de uma falsa superioridade moral, intelectual, e espiritual, de modo, que o revolucionário que chega a ignorar sua condição de simples mortal, concluindo como o prepotente Nietzsche: “Eu sou deus”.

Se o individuo se auto-deifica através de um amor próprio desordenado, na sua crença particular não haverá espaço para outra lei e nem para os imprevisíveis da vida. Frases como: “Tenho minhas próprias leis” ou “Eu faço meu destino”, são típicas da mentalidade revolucionária. A mentalidade revolucionária, portanto, funda-se numa escabrosa ilusão auto imposta. Mas como ninguém pode se enganar totalmente, o revolucionário adquiri ódio brutal a verdade, e por isso, distorce diabolicamente a realidade a seu bel-prazer para justificar suas crenças. Estas crenças particulares e absurdas têm implicações devastadoras: “Se não há um Deus nem uma lei natural e divina, – pois todo homem é um deus com sua própria lei –, logo, tudo é permitido em nome dessa lei e de sua falsa divindade”. Foram conclusões como estas que fizeram a mente de todos os revolucionários que despontaram na história. E são conclusões como estas que germinam silenciosamente na cabeça de numerosos adolescentes que mal alcançaram a consciência de si, mas já se acreditam aptos para mudar o mundo. 


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Reductio Ad Fascismum



Nota Preliminar:

Uma atitude constante nos debates modernos é a redução do oponente a figura de Hitler. O filosofo Leo Strauss, em 1950, chamou a esta postura de Reductio ad Hitlerum (cf. Natural Right and History, c. II)
Por se conhecer bem o peso psicológico desta comparação, passou-se a abusar dela, em níveis demenciais, de modo que, a reductio ad Hitlerum tornou-se o grande argumento de quem não tem argumento.
O advogado Mike Goldwin observa em seu afamado Goldwin’s Law que na modernidade, a medida que uma discussão avança, especialmente discussões políticas e religiosas, é comum, a certa altura do debate, que um dos lados – especialmente o que se ver mais desfavorecido – apelar para a reductio ad Hitlerum. Portanto, se você ainda não foi rotulado com esta infame pecha, prepare-se!
Mas esta postura retórica tornou-se ainda mais insana com a introdução daquilo que ouso chamar reductio ad fascismum, quando toda oposição à pautas esquerdistas é imediatamente classificada como fascismo; desequilibrando, mesmo que parcialmente, o discurso do oponente.
A recorrência desta postura exige algumas reflexões


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É clássica a atitude das massas acéfalas alinhadas em torno do ideal marxista que ao ouvir qualquer discurso que desentoe do que foi condicionado a crer na tertúlia revolucionária, aplica imediatamente ao oponente a velha pecha de fascista.
Na maioria das vezes o xingamento não faz nenhum sentido e o individuo que o profere não faz a mínima ideia de seu significado, mas tal redução é uma arma verbal que costuma ser muito eficaz para neutralizar a ação do oponente.
A inconsciência das turbas que se utilizam deste recurso lembra uma famosa experiência da psicologia moderna realizada por Ivan Pavlov (1849-1936). Pavlov tentou provar que algumas reações, aparentemente biológicas, são auto-impostas ou forjadas por relações condicionadas entre estímulos externos e respostas internas (cf. Conditioned Reflexed: an investigation of the physiolical activity of the cerebrl cortex).

Para provar a teoria, Pavlov submeteu alguns cães a uma experiência, na qual, a princípio notou uma relação entre a salivação (resposta incondicionada) e a comida (estimulo incondicionado). A experiência consistia em fazer os cães associarem a chegada da comida ao toque de uma campainha (estimulo neutro – estimulo que não produz resposta).
Com a repetição diária daquela relação, com o tempo, os cães começaram a salivar com o simples soar da campainha, mesmo que em seguida não houvesse comida.
Pavlov chamou a este comportamento de resposta condicionada, ou seja, aprendida com a repetição exaustiva de uma relação entre dois fatores incomuns.

A técnica simples de Pavlov ajudou a descobrir a condicionalidade de certas reações químicas, tornando a experiência um marco do Behaviorismo.
O problema é que as experiências de Pavlov deixaram de ser aplicados em cães e passaram a ser aplicadas em massa, por décadas, as reduzindo a um estado de dependência mórbida a um comando, mesmo que este, fosse completamente absurdo, como vemos se reproduzir nas ações e nos gritos de ordem característico das hordas esquerdistas. Todos percebem a incongruência dos chavões e das atitudes, menos os que os proferem.

Quase um século após a experiências em Riazan, as conclusões de Pavlov continuam sendo aplicadas em larga escala, sob novo cenário, e novos instrumentos. No lugar da refeição canina, se colocou o contraditório, que passa a ser estimulado com frequência torturante, de modo que, com o tempo, os indivíduos condicionados, passavam a fazer associações sem nexos, e acreditar na coerência da associação.

A associação constante entre expressões pejorativas a pessoas ou grupos, mesmo que uma coisa não tenha a mínima relação com a outra, fez as hordas revolucionárias agirem como os cães de Pavlov, de modo que, basta ao antílope a frente soar a campainha diante do oponente, que a matilha inteira se colocava a salivar raivosamente, e proferir o insólito xingamento (fascista!), mesmo que não faça a mínima ideia do que ele signifique, ou mesmo, do que esteja fazendo.

Mas o que é esse tal fascismo?

O termo fascista usado a torto e a direito pelos militantes de esquerda, já perdeu completamente o sentido pelo uso indiscriminado, e passou a ser usado como mero instrumento de pressão psicológica. Ou seja, se você não é de esquerda, você é automaticamente fascista!
Para esquerda não importa o sentido de uma palavra, importa que ela pode ser usada de forma arbitrária, e contrária a seu significado, como arma verbal.
Por exemplo: a esquerda pega as palavras mais bonitas de um idioma e as aplica as coisas mais horrendas (como aborto; invasão de terras; eutanásia, etc) para torná-las belas; ou pega os adjetivos mais odiosos e os aplica a seus inimigos, com o fito de torná-los odiados por todos. Esta tem sido a ponta de lança das esquerdas há décadas (Palavras empregadas de forma arbitrária)
E como caixa de ressonância para este delírio linguístico, se usam as turbas ensandecidas de idiotas úteis, geralmente recrutados em cursinhos populares, faculdades e escolas públicas, onde há décadas o discurso marxista imperou.
Sempre que questiono a um desses militantes que berram alucinadamente palavras de ordens nos protestos sobre o que é fascismo, o indivíduo se vê perdido em densas trevas, sua frio, tenta enrolar, mas não esconde a patente ignorância em relação ao termo que aplica a torto e a direito aos oponentes. E por certo, se conhecesse o termo com o qual se esgrime, jamais o utilizaria tão irresponsavelmente.

Nenhuma característica do que é classicamente conhecido como fascismo se assemelha ao que se convencionou chamar modernamente de Direita. O fascismo é um movimento estato-cêntrico, caracterizado por um partido único de massa (como faz parte dos sonhos do Partido Comunista em qualquer uma de suas ramificações), que se impunham pela violência; pelo culto irrestrito a um líder (como fazem nos partidos de esquerda com seus líderes); exaltação da coletividade sobre a individualidade, e o tão conhecido espírito corporativista.
Portanto, um esquerdista ao xingar o oponente de “fascista”, nada mais faz do que projetar sua própria imagem no adversário, cumprindo com exatidão a velha máxima atribuída a Lenin: “Xingue-os do que você é!” Portanto, qualquer xingamento que hoje você venha aplicar a um esquerdista, amanhã ele aplicará a você. Esta tem sido uma prática recorrente em suas ações.

Até grandes combatentes do fascismo como Charles de Gaulle, e Winston Churchill, receberam da esquerda o rotulo difamante de fascista. Este último, antevendo que aquela atitude seria uma das marcas características da esquerda nascente, afirmou profeticamente: “Os fascistas do futuro, se chamarão a si mesmos de antifascistas”.

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Antes de mais nada, cabe lembrar que o próprio Mussolini sempre recusou rotular o fascismo dentro do clássico espectro político (Esquerda e Direita). Mas, é importante lembrar também que, o que se entende atualmente por Direita tem como uma de suas características principais, a defesa de maior liberdade individual em relação ao Estado; o total oposto do que foi o fascismo, que tinha como lema: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”. Quem sempre esteve mais próximo deste lema?
Mas este detalhe, obviamente, não basta para convencer um cérebro esquerdista, entorpecido por décadas de pesada manipulação e doutrinação ideológica, de que o fascismo tem origens marxistas. É necessário recorrer a mais detalhes. Portanto, voltamos nossos olhos ao pai do Fascismo: Benito Mussolini.

Benito Mussolini (1883-1945) teve sua formação política desenvolvida dentro da filosofia socialista. Desde a infância, sob a tutela do pai Alessandro Mussolini, um fervoroso comunista, que inclusive lhe deu o nome de Benito em homenagem ao revolucionário mexicano Benito Suarez, até sua adesão formal ao Partido Socialista Italiano entre 1901 a 1914, onde chegou, inclusive, a liderá-lo em 1912.
Mussoline ainda teve como sua grande inspiração ideológica o escritor e sindicalista francês George Sorel (1847-1922), fundador de uma das correntes revisionistas do marxismo clássico. Mussolini assimilou devotamente as teses de Sorel, exposta em seu livro Reflexions sur la violence, no qual defendia a tese de que a revolução do proletariado deveria ser forjada por meio da violência. O fascismo foi, sem dúvida, um dos braços mais famosos das teses de Sorel.
Em contrapartida, alegam as esquerdas: “Mussolini perseguiu comunistas!”
Ora, e quem mais perseguiu comunistas na história senão os próprios comunistas? Stalin perseguiu ferrenhamente os trotskistas, e por isso Stalin deixou de ser considerado comunista?
A verdade é que o fascismo quis se impor como uma doutrina original, em oposição direta as suas raízes comunistas, algo corriqueiro entre os movimentos comunistas.

Em “La Dottrina del Fascismo” (1935), escrito por Mussolini e Gentile (este último, um fervoroso hegeliano, como fora Marx), dizia:
O fascismo é contra o socialismo [...] Mas, na órbita do Estado organizador, o Fascismo quer que sejam reconhecidas as exigências reais que deram origem aos movimentos socialista e sindicalista, fazendo-as valer no sistema corporativo, que concilia os diversos interesses na unidade do Estado” (Cap. I, VIII). E no mesmo opusculo, se confessa que as fontes teóricas do fascismo advém do socialismo.
O ódio que o fascismo descarregou sobre o marxismo mais tarde, não apaga toda influencia que este exerceu sobre sua origem. Não à toa o fascismo fora chamado il figlio bastardo del comunismo (O filho bastardo do comunismo).

Além das conhecidas acusações de que o fascismo fora um movimento de direita, ainda se levanta a afirmação absurda de que Mussolini era católico. Algo ainda mais risível diante do conhecido anti-catolicismo de Mussolini expresso em algumas de suas obras, como as blasfemas Christo è Cittadino (Cristo e cidadão) e l’amante del cardinale (A amante do Cardeal). Nas quais, o duce desfere golpes terríveis à imagem de Cristo e a Igreja Católica.

No entanto, apesar de seu anti-catolicismo, o ditador concebeu o fascismo de forma religiosa – como toda a religião política:
O fascismo é uma concepção religiosa, onde o homem é encarado sob o ponto de vista da sua relação com uma lei superior [...] elevando (o individuo) a membro de uma sociedade espiritual [o fascismo]”. (La Dottrina del Fascismo, I, V)
Esta sociedade espiritual deveria ter o Duce como deus, e o fascismo como religião.

*** * ***

Assim como toda a esquerda, o fascismo é “anti-individualista”. O estado deve ser a força motriz da consciência e da vontade humana. Por isso, a massificação é uma das fortes características do fascismo.
O Fascismo fala em nome da liberdade, mas de uma liberdade tirânica. Mussolini resume a liberdade fascista nestes termos:
A liberdade do Estado e do individuo no Estado, uma vez que, para o fascista, tudo está concentrado no Estado e nada existe de humano ou de espiritual, e muito menos tem valor, fora do Estado” (La Dottrina del Fascismo, I, VII). O fascismo é assumidamente totalitário. Sem oposições, classes, somente um Estado Soberano, controlado por um partido.
As massas fascistas do tempo de Mussolini não diferem em nada das atuais militâncias esquerdistas que vemos por aí gritando palavras de ordem. Muitos desses acéfalos, crê piamente que está se lançando contra o fascismo, sem perceber que estão combatente a própria imagem projetada em seus inimigos e reproduzindo fielmente os ideais que moveram o espírito de Benito Mussolini.

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Segundo o Dictionnaire Historique des Fascismes et du Nazisme de Serge Berstein e Pierre Milza: “Não existe nenhuma definição universalmente aceita do fenômeno fascista, nenhum consenso, por menor que seja, quanto à sua abrangência, às suas origens ideológicas ou às modalidades de ação que o caracterizam”.


sábado, 17 de setembro de 2016

71 anos de uma misteriosa tragédia



Recordar o passado é comprometer-se com o futuro!

João Paulo II, 25 de fevereiro de 1981



Há 71 anos, Hiroshima e Nagasaki eram completamente varridas do mapa através de duas explosões nucleares. O episódio passou na história como o marco da rendição japonesa e o fim da II Guerra Mundial. Mas há um aspecto ignorado desta tragédia que nos deixa perplexos: Por que exatamente a região mais católica do Japão foi destruída? Que razões especiais motivaram esta escolha?
Com a explosão atômica em Hiroshima e Nagasaki, dois terços dos católicos japoneses foram dizimados. Isto, passados apenas 72 anos de liberdade religiosa instaurada no país após quase três séculos de intensa perseguição.
Em 1928, segundo o “manual da história das missões católicas” de Giuseppe Schmidlin, dos 94.096 católicos japoneses, 63.698 eram de Nagasaki. 

1. Nagasaki, a "Roma do oriente".

A história do catolicismo no Japão confunde-se com a história do catolicismo em Nagasaki. Nesta cidade, ao sudoeste do Japão, o catolicismo alcançou seus maiores êxitos na região asiática. De Nagasaki veio um número surpreendente de santos e beatos que nações com mais tradição católica como Brasil, Argentina, e outros países reconhecidamente católicos, não conseguiram produzir. 
Em 27 de julho de 1549 aportava na Ilha de Kyuchu (onde está localizada Nagasaki), São Francisco Xavier, trazendo consigo a semente do evangelho que logo germinaria em solo japonês, regada com sangue de mártires. Rapidamente a fé difundiu-se em Nagasaki, tornando-a uma eloquente expressão da fé católica em um império pagão. Por esta razão, Nagasaki dignamente fora chamada "Roma do Oriente".

26 martíres de Nagazaky, 1597 


Com a ascensão ao trono de Toyotomi Hideyoshi entre 1536 a 1598, uma terrível perseguição desencadeou-se sobre a fervorosa comunidade católica de Nagasaki, culminando no martírio de 26 bravos católico em 1597 na colina de Megumi No Oka (Nagasaki).Aqueles eram os primeiros frutos de uma “rica messe de mártires” que nos séculos seguintes aumentaria com a chegada ao poder dos shoguns (senhores da guerra).Durante o shogunato (ditadura dos shoguns) estima-se que pelo menos 35 mil cristãos foram martirizados em Nagasaki. Daí por diante, a sucessão de martírios se sucedeu incessantemente ao longo de dois séculos e meio até o final do século XIX.Apos a intensa perseguição promovida por daymiôs e shoguns, em 1873, na era Meiji, a fragilizada comunidade católica do Japão experimentou um breve período de paz, que iria durar apenas 72 anos. Mas, do outro lado do mundo, em Los Alamos (EUA), se preparava um novo flagelo para os católicos de Nagasaki: a bomba atômica... Que em um dia, sob as ordens de Harry Truman (presidente dos EUA), infligiria aos católicos japoneses um golpe devastador que não foram capazes de perpetrar, em quase três séculos de implacável perseguição, a ditadura de daymios e shoguns.

                                                                
 Explosão de Nagasaki 

 
2. A devastação de Hiroshima e Nagasaki

Em uma manhã de agosto de 1945, (6), às 8h15, o Japão era surpreendido com a mais devastadora das armas de guerra já vista. Um bombardeiro despejava 60 kg de urânio-235 sobre Hiroshima, exterminando instantaneamente 75 mil pessoas, e mais 70 mil nos dias seguintes em decorrência dos ferimentos e da radiação.
O Japão mal recuperava-se da indescritível tragédia em Hiroshima quando três dias depois, em outra manhã de agosto (11h02, horário de Tokyo), eram lançados sobre Nagasaki, (a 423 km de Hiroshima), 6, 4 kg de plutônio-239, que se convertiam em impressionante cogumelo de fogo, vitimando 80 mil pessoas nos primeiros instantes da explosão, -- 200 mil nas duas cidades.


Paul Talbot, ao lado do Enola Gay, a aeronave responsável por lançar a bomba sobre Hiroshima

Mas um detalhe particular desta tragédia nos chama a atenção. A fat man (como fora chamada a bomba de Nagasaki) caia exatamente sobre a mais expressiva região católica do Japão, o distrito de Urakami, em Nagasaki, -- há poucos metros da catedral de Urakami. E inevitáveis questionamentos nasciam daquele episódio escabroso, que somados a outros fatores, conduziam a emblemática questão: por que exatamente a região mais católica do Japão fora destruída? Excogita-se que Hiroshima tenha sido escolhida por diversos motivos estratégicos, entre eles, o fato de ser sede de uma importante divisão do exército japonês, e também deposito de suprimentos militares, e quartel general da marinha.
Mas quando pensamos em Nagasaki não encontramos nenhuma razão especifica que motive sua destruição. Conforme as próprias forças americanas, Nagasaki não era o alvo daquela operação, ela fora escolhida em cima da hora por conta das péssimas condições de voo sobre Kokura, a cidade escolhida para a explosão da fat man. Este empecilho fora comunidade ao centro de comando em Washington, que optou por desviar a rota para Nagasaki. 

Mas se formos analisar esta escolha do ponto de vista geográfico, Nagasaki estava à aproximadamente 210 km de Kokura, e os pilotos dispunham de muitas outras opções, até mais justificáveis naquela ofensiva do que Nagasaki, o que fortalece a hipótese de Nagasaki ter sido escolhida por razões especiais.


Mapa da Região de Kyuchu. Linha verde assinala a distância entre Nagasaki e Kokura 

Após a hedionda façanha em Hiroshima e Nagasaki, em Washington, um festim se erguia para comemorar a rendição japonesa. Conta-se que Robert Oppenheimer, o líder do projeto Manhattan, -- que desenvolveu as bombas atômicas --, recitava festivamente os versos do Baghavad Gita: "agora eu me tornei o destruídos da morte". Alguns afirmam que Oppenheimer possuía fortes ligações com o ocultismo satânico. 

Presidente Harry Truman com as vestes maçonicas 


A trama torna-se ainda mais intrigante quando analisamos outro importante personagem desta história, o presidente Harry Truman, o grande mandatário por trás daquela escolha. Truman, era um ferrenho anticlerical, grau 33 na maçonaria, e grão-mestre em Beiton Lodge, no Missouri. 

Este detalhe nos faz pensar que a destruição de Nagasaki não foi uma simples escolha ao acaso. A este respeito escreveu o Cardeal Giacomo Biffi em suas memorias:
“Vamos supor que as bombas atômicas não tivessem sido jogadas ao azar. Essa pergunta se torna inevitável: por que foi escolhida para a segunda bomba, entre todas, precisamente a cidade do Japão onde o catolicismo, além de ter a história mais gloriosa, estava mais difundido e afirmado?”.(Cardinale Giacomo BiffiMemorie e digressioni di un italiano cardinale. Cantagalli, 2007. p, 640)
Se razões anti-católicas motivaram esta escolha, não o sabemos, mas o fato é que metade dos católicos do Japão foram dizimados em um dia.



Nagasaki hoje

P.S


*João Paulo II visitou Nagasaki em 1981, visitou a colina dos martíres (Megumi No Oka, Nagasaki)
**O ultimo senso sobre a Igreja no Japão estima que atualmente existam 444.441 católicos no Japão.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Lucto et emergo



Os campos tranquilos da Holanda são preservados há séculos da destruição por grandes diques poçantes erguidos para conter a fúria dos mares. As pessoas que vivem na Holanda, especialmente em uma das cidades mais ameaçadas por inundações, (Nieuwekerk Aan de Ijssel), -- de um lado pela maré alta, de outro, por eventuais inundações dos rios que a cortam --, desfrutam de imperturbável e invejável tranquilidade.
Mas, aquela serenidade que experimentada pelos holandeses de Nieuwekerk, é garantida pela segurança daqueles diques erguidos por grandes sacrifícios humanos, que caso venham se romper, a tragédia é incomensurável!

Grande dique da Zeeland, construído entre 1927 a 1933

A ilha de Zeeland, -- onde está situada Nieuwekerk --, área de maior risco de inundações, está a sete metros abaixo do nível do mar. Algumas vezes, esta ilha, teve sua serenidade abalada com o rompimento repentino de seus diques, ceifando milhares de vidas, mas a Zeeland sempre se ergue, e enfrenta com bravura a fúria do mar, erguendo diques mais poderosos que os anteriores. 

Em sua bandeira está estampada o lema que traduz sua luta secular contra os mares. Lucto et emergo (Luto e emerjo).


Digamos, que alguém se erga e comece a vociferar contra aqueles diques "repressores" que impedem os mares de "avançarem" sobre a Holanda. Obviamente, todos o reputariam por um  louco em potencial, incapaz de viver em sociedade.  
No entanto, diariamente se erguem muitos insanos contra os diques morais da humanidade que há séculos preservam a sociedade das mais avassaladoras tragédias!
Quantos males vimos brotar do abandono das leis naturais e divinas? Males bem mais destrutivos que as inundações na Zeeland, resultantes de rompimentos de diques marítimos. 
A mesma Holanda que se ergue imponente contra o avanço do mar, não é capaz de impedir sua degradação moral.
A Holanda que evangelizou o mundo, com um numero excepcional de missionários, hoje é tomada pelo paganismo; a Holanda de tantos santos e até mártires, hoje é a terra da prostituição legalizada e enaltecida, onde mulheres são expostas em vitrines como mercadorias; onde jovens se afundam nas drogas, que podem ser facilmente encontradas em cada esquina.

Mulheres nas vitrines, Distrito da Luz Vermelha, Amsterdan

O país que venceu a fúria dos mares, não evitou sua auto-destruição!

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Martíres de Gorkum (Holanda)

A Holanda do século XXI não é mais a Holanda serena de outrora. A Holanda dos santos e dos mártires; a Holanda dos missionários; a Holanda que luta contra os mares, já foi submersa pela devassidão.

O último senso religioso realizado no país apontou que apenas 5% de sua população católica ainda vai à Igreja. A future for religious heritage apresentou um dado ainda mais assustador: o país só tem 179 seminaristas, e pelo menos 700 igrejas serão entregues ao uso profano por conta da ausência de fiéis. 

O que se pode dizer sobre este triste cenário da Igreja na Holanda?

A Holanda, historicamente, também protagonizou tristes cenas de rebeldia contra a Santa Sé. De lá veio a rebelião que naturalizou a comunhão na mão; de lá veio uma terrível iconoclastia que levou homens santos ao martírio; de lá veio o movimento da devotio moderna, que culminou em novas e terríveis heresias; de lá veio o terrível cisma dos chamados "vetero-católicos" que se opunham a infalibilidade pontifícia. Enfim, com tantas sementes de rebelião plantadas ao longo de sua história, só poderiamos esperar frutos amargos no futuro.


terça-feira, 26 de julho de 2016

De filha primogênita da Igreja à filha errante


Notre-Dame de Paris, símbolo da França antiga

“Um dia virá -- espero que não seja tão longe -- no qual a França, como Saulo no caminho de Damasco, cairá rodeada por luz celestial e escutará uma voz: Por quê me persegues? Levanta-te, limpa as tuas manchas, reaviva teus sentimentos e vai-te outra vez, como filha primogênita da Igreja, levar o meu Nome a todos os povos e a todos os reis da terra!" 

(Pio X. Alocução consistorial. 
Vi ringrazio, de 29 de novembro de 1911, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1911, p. 657)




            Em tempos mais remotos, e mais cristãos também, a França foi chamada le Royaume de Marie (o reino de Maria), por conta de magníficas manifestações da Mãe de Deus em suas terras, dentre as quais, as mais célebres foram as Lourdes, La Salette, Rue du bac, Pontmain, Valenciennes, Tilly-sur-Seulles...

Alem destas magnificas aparições marianas, a França foi favorecida com aquela que foi chamada por alguns pontifices "a grande revelação": As aparições do Sacré Cœur de Jesus (Sagrado Coração de Jesus) a Sta Margarida Maria Alacoque entre 1673 e 1675. 


Nestas aparições, o Coração de Jesus pedia ardentemente a consagração da França a Ele para livrá-la de um flagelo iminente. Os apelos do Sagrado Coração de Jesus não foram ouvidos e, um século depois, a França era castigada com uma das maiores catástrofes que já se abateram sobre suas terras: a sangrenta Revolução Francesa.

Passando-se 57 anos do terror revolucionário, a Divina Providência mais uma vez vinha alertar a França. Agora, por meio da Virgem Santíssima. 

Em La Salette, lugarejo que mal figurava no mapa, humildes crianças transmitidam uma mensagem aterradora vindo de Deus à França e ao mundo:
“Ao primeiro golpe de sua espada fulgurante [refere-se a Deus], as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens transpassarão a abóbada celeste. Paris será queimada, e Marselha engolida [pelas águas]".
Novos castigos viriam sobre a França, e mais uma vez a Divina Providência os vinha alertar.
170 anos depois dos alertas de La Salette, a França já não pode mais ser chamada, como outrora, le royaume de Marie -- tornou-se indigna deste nome--; tão pouco, ainda pode ser chamada "filha primogênita da Igreja", seria até blasfêmia assim chamá-la, pois, na atualidade, esta filha desgarrou-se miseravelmente da casa paterna; negou sua primogenitura; rasgou suas vestes batismais, tornando-se filha errante e difusora de toda espécie de erros sobre a terra... E agora, devastada, se vê entregue a seus inimigos, que em outros séculos a temiam. Hoje a saqueiam e a arruinam livremente. Paris está em chamas! 

Mas, em meio ao caos que se alardeia em suas terras, uma luz desponta do passado -- como praticamente tudo de bom que ainda resta nesta nação. Há mais de 100 anos, São Pio X, assim profetizava:
“Um dia virá - espero que não seja tão longe - no qual a França, como Saulo no caminho de Damasco, cairá rodeada por luz celestial e escutará uma voz: Por quê me persegues? Levanta-te, limpa as tuas manchas, reaviva teus sentimentos e vai-te outra vez, como filha primogênita da Igreja, levar o meu Nome a todos os povos e a todos os reis da terra!" 
Esperamos ansiosos o momento em que a terra dos cruzados desperte de seu longo torpor, e volte a entoar o temível Dieu le veut, incutindo o velho temor nas faces de seus inimigos.





                           *** * ***



St Bernard prêchant la II Croisade à Vézelai en 1146, Émile Signol (1804-1892)



“O Senhor quer provar vosso zelo e saber se há entre vós quem deplore Sua desgraça e defenda Sua causa. Apressai-vos então a assinalar vossa coragem, de tomar as armas pela defesa do nome cristão, vós, cujas províncias são tão fecundas em jovens e valentes guerreiros, se é verdade o que a vossa fama diz, transformai em santo zelo este valor odioso e brutal que vos arma frequentemente um contra o outro, e vos faz perecer com as vossas próprias mãos. 
Eu vos ofereço, nação belicosa, uma ilustre ocasião de lutar sem perigo, de vencer com glória, de morrer com vantagens. Sois ávidos de glória e sois hábeis e sábios negociantes. Eis o expediente para vos dar fama e vos enriquecer: Tomai a Cruz!"

Com estas palavras, há 862 anos, São Bernardo conclamava a França para a II Cruzada em defesa da cristandade. Chamado que os francos atenderam prontamente com seu brado vibrante, Dieu le veut! (Deus o quer)

Outrora, quando a Igreja sofria graves ameaças, como as que vinham do oriente através dos muçulmanos, os primeiros a se erguerem em sua defesa eram os francos.
Reconhecidos mundo a fora por sua bravura, os francos eram um dos poucos povos na terra que conseguiam incutir temor nas faces maometanas.

A França de outrora, sinalizava, como poucas nações no mundo, a alma do ocidente. Nela resplandecia o brio da civilização ocidental, seja em sua cultura, como em sua espiritualidade. 
E isso já se mostrava patente há 1.500 anos, quando a França era a primeira nação a aderir oficialmente ao catolicismo. Adesão que lhe rendeu dos sumos pontífices a insígne distinção de "filha primogénita da Igreja".
Hoje o espírito cruzado está extinto, a França de S. Bernardo, Luis IX, Joana d'Arc, Urbano II deu lugar a França da sodomia e da covardia; do ímpio Charlie Hebdo; dos parlamentos genocidas e do povo sem fé. Desde a Revolução Francesa, constantes movimentos nasceram para extirpar às raízes católicas da França. E hoje, a França despojada de suas raízes, tornou-se vulnerável a todas as incursões, bárbaras.

O Dieu le veut dos cruzados cessou, dando lugar ao terrível brado maometano: 'Alahu Akbar'.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

O que é uma Ideologia




A ideologia é a existência em rebelião contra Deus e o homem,
É a violação do primeiro e do decimo mandamento,
Se quisermos empregar a linguagem da ordem judaica; é a “nossos”,
“A doença do espírito” empregando a linguagem de Ésquilo e Platão.¹

Eric Voegelin  





            Ideologia é mais uma das palavras que se popularizou com o uso indiscriminado até perder-se a compreensão de seu sentido. 
À principio, qualquer dicionário define ideologia como o conjunto de crenças religiosas, filosóficas, jurídicas, sociais e políticas que caracterizam um grupo ou classe social. Neste sentido, se pode falar em ideologia cristã, (embora o cristianismo não seja uma ideologia, no verdadeiro sentido da palavra, como explicaremos mais adiante), ideologia burguesa, ideologia marxista, ideologia nacionalista, etc. 
Mas este termo vai um pouco além desta definição dicionarial. O termo foi cunhado no contexto revolucionário francês (1789-1801) por Antoine-Louis-Claude Destutt de Tracy (1754-1836), -- ou simplesmente Destutt de Tracy --, em seu livro Les Elements d’Ideologie (1801)
No livro, Destutt de Tracy apresenta a Ideologia como a “análise das sensações e das ideias”.

Tracy, junto com seus discípulos, planejava uma grande reforma educacional que lançasse na lata de lixo todas as lições deixadas pelo regime monárquico e clerical que tanto abominavam. E até receberam o apoio de Napoleão Bonaparte.

Os ideólogos acreditavam piamente que rejeitando a religião e a metafísica, e guiando-se por ideias puramente abstratas, poderiam alcançar um sistema natural de leis, que a religião e a metafísica enterraram. 
Para Tracy, as sensações são a única fonte de nossos conhecimentos, e segui-las, a única forma de alcançar o estado ideal de sociedade e de ser humano.

Desde Tracy, os ideólogos sempre foram ferrenhos inimigos da religião, da tradição, dos bons costumes e das convenções naturais.

Quando "a Ideologia" de Destutt de Tracy foi aplicada na França, ela mostrou-se um fracasso. 
O imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821), sabendo do resultado desastroso das teses de Tracy, aplicou a ele e a seus discípulos a pecha de “deformadores da realidade”; e John Adams chamou à ideologia de “ciência da idiotice”. 
A partir de então, a tese de Destutt de Tracy passou a ser vista como algo ridículo e obsoleto, indigno de qualquer atenção.

50 anos depois, o conceito de Ideologia foi drasticamente alterado por Karl Marx (1818-1883) e seus epígonos. Na Ideologia Alemã, Karl Marx apresenta a Ideologia como um sistema de ideias de uma classe dominante para assegurar sua hegemonia sobre as classes oprimidas. 
Marx concebia a sociedade como uma relação entre dois elementos: uma infra-estrutura (base econômica) que dava origem a uma super-estrutura (a ideologia) que são o conjunto de crenças jurídicas, filosóficas, sociológicas que regula as relações sociais. Deste modo, os marxistas acreditavam que todos os elementos que compõe a sociedade são produtos de um fator econômico que reproduz a injustiça na sociedade, e a regula por meio de "aparelhos ideológicos". 
Para modificar esta realidade, Marx propunha uma profunda transformação na economia (infra-estrutura) que por conseguinte desfaria toda a realidade ideológica, que nasce desta base economica. 
Desta visão, decorre aquela atitude característica de todo marxista de julgar qualquer ideia ou doutrina como a expressão dos interesses de poder de uma classe, de uma cultura ou de uma raça. 
Portanto, para os marxistas, a ideologia é uma weltanschauung (visão de mundo em geral) que produz a realidade que vem a ser, a partir dos marxistas ocidentais, uma continua interação entre percepção e linguagem, gerando uma falsa consciência nas massas e mascarando a opressão de uma classe sobre outra.

Em uma carta dirigida a Engels, Marx entende as ideias e normas dominantes que regem a sociedade, como uma “mascara ilusória revelada aos explorados como um padrão de conduta, para dominar e gerar apoio moral a dominação.”²
Logo, para os marxistas, em seu ódio visceral contra um tal “sistema de ideias dominantes”, – que se propunham combater –, a forma mais eficaz de vencê-lo, seria através de um novo sistema de ideias que o substitua, um sistema que estabeleça uma sociedade igualitária e perfeita³

Analisando este conceito de ideologia desenvolvido pelos marxistas, chegamos a inevitável conclusão de que eles (os marxistas) se encaixam perfeitamente no próprio conceito que criam e prometem combater! São eles os verdadeiros ideólogos da história! São eles que criam uma falsa consciência nas massas para estabelecer uma relação mais cruel de dominação na sociedade. Onde quer que tenha se aplicado os ideais marxistas, viu-se estabelecer a mais horrenda relação de dominação e opressão. 

A Ideologia, portanto, é um embuste revolucionaria que aponta no outro os próprios interesses, que colocará em prática assim que chegar ao poder. 

Neste sentido, podemos classificar como ideologia ao fascismo, ao nazismo, ao comunismo, ao anarquismo, ao nacionalismo e a muitas outras doutrinas que confundem a opinião publica sobre supostos interesses ocultos por trás de todas as instituições e sistemas que regem a sociedade, escondendo e justificando seus nefastos interesses por trás de uma hipotética promessa de uma sociedade mais justa, que despontará quando o tal "sistema opressor" for vencido. 

O ideólogo crê que as massas necessitam da sua ideologia para viver e ser, e que a realidade em que estas pessoas estão situadas é produto de interesses escusos, e elas (as pessoas), são as vítimas destes interesses, contra os quais, devem se rebelar. Assim, os retira de um suposto sistema de interesses e os lança dentro de outro sistema de interesses bem mais monstruoso. Como aconteceu com o povo russo, saindo do czarismo para entrar no regime mais sanguinário da história: o comunismo.


Para algo ser de fato uma ideologia, precisa conter em si a presunção suficiente de ser capaz de transformar a realidade social, e a própria natureza humana em vista de um übermensch (super-homem), -- como dizia Nietzsche --, e de uma sociedade hipotética.
Quem detém tal pretensão é no mínimo um futuro tirano, como o foram os representantes de todas as ideologias. (4)

Por fim, toda ideologia possui um caráter messiânico, que se opõe veementemente ao cristianismo. Todas elas pretendem inaugurar o reino de Deus sobre a terra, em direta oposição ao reino de Cristo. "Meu reino não é deste mundo", dizia Nosso Senhor.
E nesta presunção diabólica, as ideologias sempre acabam instaurando o inferno na terra

Um toque de realismo sempre desfaz o falso brilho da ideologia. Todos, indistintamente, tivemos em algum momento esta louca pretensão de criar ou esperar um mundo do nosso jeito, nos rebelando contra algum elemento imutável da realidade, recusando aceitá-lo.
Ao descobrir que a realidade não depende de nosso querer, e que não possuímos o poder para modificá-la em sua essência, a ideologia, que ora nos atraía, retorna a sua condição real de mero "delírio psicótico" e seus arautos, meros dementes, ou como bem chamou Napoleão Bonaparte: simples deformadores da realidade.



Notas:

1. Eric Voegelin, Ordem e história: Israel e revelação. Vol. 1. São Paulo, Loyola, 2009, p. 32.
2. Apud Russell Kirk. A política da prudência, É realizações, 2014. p. 93. 
3. Os marxistas não entendem o homem como o produto de fatores naturais e predeterminados, nem a sociedade como a consequência natural e inevitável das conclusões racionais da humanidade em busca de sua conservação e aperfeiçoamento, mas, exclusivamente como a expressão dos interesses de uma classe que triunfou por meio da opressão ao longo da história, moldando o homem e a sociedade, tal como ele é, e o confinando dentro de uma matriz ideológica que é resultado da exploração e da ganância da classe opressora, e por isso, eles, os marxistas, quais 'paladinos da justiça' se apresentam para desconstruir a sociedade burguesa e reconduzi-la ao seu estado original, de perfeição e de felicidade. Esta pretensão tresloucada sempre culminou nas maiores tragédias que se teve notícia na história.
4. Sendo a ideologia uma forma de mascarar a realidade em nome de uma ordem de dominação, os movimentos ideológicos tornam-se um refúgio seguro para psicóticos, esquizoides e caracteropatas ressentidos com a realidade em que se recusam viver
O caráter esquizóidal e caracteropático são transtornos de personalidade identificados pelo psiquiatra polônes Andrzej Lobaczeviski em seu livro "Ponerologia".
Estas duas espécies de transtornos, segundo o psiquiatra, possuem papeis importantes como agentes patológicos nos processos da gênese do mal.
O caráter esquizóidal é característicos em "pessoas psicologicamente solitárias, que começam a se sentir melhor em alguma organização humana, nas quais se tornam zelotes de alguma ideologia, religiosos intolerantes, materialistas ou partidários de uma ideologia com características satânicas". Por vezes, estas pessoas, para evitar as impressões negativas que causam nos outros a partir de contato físico direto, optam por se dirigirem a sociedade através da palavra escrita, escondendo assim suas personalidades excêntricas. Entre as figuras esquizoidais identificadas por Lobaczeviski, destaca-se Karl Marx e Friedrich Engels.
O psiquiatra polonês citando Frostig, define Engels e Marx como "fanáticos esquizoidais". 
Já os caracteropatas, possuem como traço comum "o embotamento afetivo e a falta de sentimento das realidades psicológicas". Lobaczeviski o identifica como o resultado de deformação negativa do caráter, decorrente de lesões no tecido cerebral. Uma personalidade histórica identificada por Lobaczeviski com este tipo de transtorno foi o imperador germânico Guilherme II. 


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